Um dos problemas mais comuns encontrados na gestão financeira de micro e pequenos empreendedores é a NÃO separação das contas pessoa física e pessoa jurídica. Além de gerar confusão, essa gestão sem separação pode levar à problemas maiores e até mesmo colocar em risco a empresa.
O primeiro ponto importante é entender quanto realmente é seu dinheiro (pessoa
física) e quanto é caixa da empresa (pessoa jurídica). Todas as ferramentas de análise financeira de uma empresa iniciam pelo levantamento de despesas.
Quando as contas PF e PJ são misturadas, fica difícil fazer essa separação. Até mesmo para planejamento de objetivos pessoais, você não sabe realmente quanto tem ou terá para determinados investimentos.
Podemos tomar como exemplo um empreendedor que deseja fazer uma viagem em suas férias de final de ano. Ele levanta o orçamento necessário para a viagem:
passagem aérea, hospedagem e demais despesas. E transforma esse valor único em parcelas ao longo do ano para diluir o mesmo. Essa viagem será um valor extra em seu orçamento, além dos demais que ele já tem como aluguel, energia, alimentação.
Como saber se esse valor da viagem cabe no orçamento PESSOAL, visto que ele não faz separação de valores PF e PJ? Como saber se na verdade, ele não vai estar tirando um valor importante do capital de giro da empresa?
Abaixo, compartilho algumas dicas que irão ajuda-lo na organização das finanças
pessoais e da empresa:
ORGANIZE AS CONTAS PESSOAIS COMO AS DA EMPRESA
Como empresário, você deve estar habituado a realizar o planejamento e fluxo de
caixa da sua empresa. Quais são as despesas fixas, salários, impostos, fornecedores.
A primeira etapa para fazermos a separação das contas é organizarmos as suas contas pessoais ASSIM COMO você já faz a da empresa. Anote quais são as suas despesas mensais, como aluguel, conta de energia, internet, supermercado. Elas geralmente não variam muito entre os meses, o que ajuda a iniciar o processo da próxima etapa.
TENHA UM PRO LABORE
O pro labore é o salário do empresário e deve estar entre as primeiras despesas a serem pagas pela empresa. Na etapa anterior você levantou quais são as suas
despesas pessoais mensais.
A partir desse valor, você consegue definir quanto é necessário para a sua vida como pessoa física. Esse valor deve ser suficiente para arcar com seus gastos pessoais mas também, sua empresa precisa dar conta de lhe pagar esse valor. Tome cuidado para não endividar a empresa! O ponto crucial dessa etapa é entender que a PESSOA JURÍDICA vai pagar um salário para a PESSOA FÍSICA.
TENHA CONTAS (BANCÁRIAS) SEPARADAS
Utilizar uma única conta bancária, para gastos pessoais e da empresa, é uma cilada para quem quer organizar melhor as finanças!
Trabalhe com duas contas bancárias diferentes, para não correr o risco de misturar as despesas. A conta da empresa aberta em formato pessoa jurídica, pode te dar acesso à benefícios importantes oferecidos pelos bancos, que podem te ajudar em um momento de necessidade de capital de giro e investimentos.
Já a conta pessoa física temos diversas opções no mercado, sendo as contas digitais uma das melhores, pois grande parte delas não tem cobrança de taxas para transações. Dessa forma, as suas despesas pessoais sempre devem ser pagas através da conta pessoa física e as despesas da empresa, sempre pagas através da conta pessoa jurídica.
ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA PARA EMERGÊNCIAS
O empresário não pode ver o caixa da empresa como uma poupança, uma fonte de dinheiro para suprir emergências que possam surgir em sua vida pessoal.
Como falamos anteriormente, qualquer valor fora do seu pro labore, pode criar uma pendência, dívida e até mesmo dificuldade financeira para a empresa. Para isso, é necessário que você crie uma reserva de emergências para a pessoa física.
Ela deverá ser considerada nas suas ‘despesas’ pessoais para o pro labore e a sugestão é a de que a mesma seja o valor de 6 meses das suas despesas. Por exemplo, na etapa de organização financeira, você levantou que o valor mensal necessário para as suas despesas pessoais é de R$3.000,00.
Nesse caso, a sua reserva de emergência deverá ser de R$18.000,00 (R$3.000,00 por mês para 6 meses). Você pode acumular esse valor aos poucos, separar por exemplo, 10% do seu pro labore mensal para essa reserva.
E importante lembrar que esse valor é para emergências!
Um problema elétrico na casa, uma multa de trânsito... Não utilizar esse valor para compras que podem ser supridas com o seu pro labore e organização. A separação das contas pessoa física e jurídica é um dos pontos cruciais para a gestão financeira do empreendedor, tanto para organizar a empresa quanto a sua vida pessoal.
Utilizando ferramentas simples e gratuitas, é possível crescer sua empresa, sem deixar seus sonhos e planos pessoais de lado. Utilize as dicas aqui compartilhadas e depois nos conte se elas te ajudaram!
Abraços,
Flávia Bernhardt
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