Planejamento Estratégico da DEXCO: integração, inovação e cocriação como motores da transformação
- Igor Drudi
- 4 de ago. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 26 de mai.
O desafio de integrar duas marcas consolidadas em um único modelo de gestão é, por si só, uma missão de grande complexidade. No caso da DEXCO, essa tarefa ganhou contornos ainda mais ambiciosos: consolidar Ceusa e Portinari como uma nova unidade de negócios (BU) dentro de uma das maiores empresas de materiais de construção do Brasil. Com isso, surgiu a necessidade de um planejamento estratégico robusto, cocriado e orientado por dados, capaz de não apenas unir duas potências, mas de gerar uma nova cultura organizacional orientada pela inovação.

A DRIN teve o privilégio de conduzir a facilitação desse processo, que foi cuidadosamente estruturado ao longo de um mês de preparação, seguido por duas semanas intensas de execução. O ápice foi um workshop de dois dias que reuniu diretores, gerentes e líderes diversos em uma jornada profunda de alinhamento, diagnóstico, ideação e priorização. A resistência inicial foi sendo superada gradualmente à medida que os participantes percebiam o valor da abordagem proposta: colaborativa, flexível e centrada em resultados tangíveis.
Esse post compartilha os bastidores desse trabalho, as metodologias utilizadas, os principais aprendizados e os impactos que essa iniciativa gerou na DEXCO. A jornada envolveu os líderes e profissionais estratégicos, entre diretores, gerentes e heads, em um processo de escuta ativa, análise estratégica e construção conjunta. Mais do que unir marcas, o que se buscava era criar uma identidade nova, capaz de traduzir excelência e inovação em um mercado cada vez mais dinâmico.

A jornada começou com um alinhamento claro dos objetivos estratégicos: consolidar as marcas Ceusa e Portinari como uma nova companhia dentro da DEXCO, com uma atuação unificada no mercado de revestimentos cerâmicos. Essa consolidação precisava ser mais do que administrativa; era essencial que envolvesse também um reposicionamento cultural, operacional e estratégico. A clareza dessa meta foi fundamental para nortear todas as decisões ao longo do processo de facilitação.
Na etapa de preparação, foi elaborado um metaprojeto que organizou a experiência completa do planejamento. Essa estrutura foi essencial para garantir fluidez e engajamento durante os encontros. Além disso, ela permitiu que cada etapa do processo, da escuta à execução, fosse conduzida com intencionalidade e foco. Foram quatro semanas de estruturação e refinamento do modelo, o que resultou em duas semanas de condução prática com os líderes da DEXCO.
O workshop de planejamento
O workshop principal foi realizado ao longo de dois dias intensos e bem estruturados, reunindo cerca de 40 líderes, entre diretores, gerentes e heads, em um ambiente preparado para estimular a colaboração, a escuta ativa e a cocriação. O primeiro dia teve como foco o alinhamento estratégico e a construção de uma visão compartilhada sobre o futuro da nova unidade de negócios da DEXCO.
A abertura foi conduzida por CEO, um dos principais executivos envolvidos na integração, trazendo contexto, inspiração e direcionamento para os participantes. A fala inicial teve papel fundamental para estabelecer o tom da jornada: colaboração com foco em resultado.
Logo após a abertura, promovemos uma atividade de warm up com o grupo. Essa dinâmica inicial teve o objetivo de quebrar o gelo, gerar conexão entre os participantes e criar um ambiente de confiança e abertura. Em seguida, realizamos uma atividade de team building, que, além de promover entrosamento, reforçou o compromisso coletivo com o sucesso do planejamento. Esses momentos iniciais foram essenciais para que os líderes se enxergassem como parte de um mesmo time, apesar de suas origens distintas em Ceusa e Portinari.
Ainda no primeiro dia, conduzimos uma sessão aprofundada utilizando uma versão da matriz SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) dentro de uma abordagem do Design Thinking. Com a participação ativa dos gestores, foi possível mapear elementos internos e externos que influenciariam diretamente o processo de integração. A construção da SWOT foi coletiva, com momentos de reflexão individual, debate em pequenos grupos e convergência em plenária.
O resultado foi um diagnóstico rico e multifacetado, que permitiu ao grupo enxergar a complexidade do cenário com mais clareza. Na sequência, os participantes revisitaram e validaram os objetivos estratégicos previamente definidos, garantindo que todos estivessem alinhados em torno das mesmas metas.

O segundo dia do workshop foi dedicado à construção de soluções e ao planejamento prático. Começamos com uma poderosa dinâmica de ideação, baseada no exercício “E se...”. Essa técnica tem como foco gerar possibilidades criativas e desconectar temporariamente o grupo das limitações operacionais. O objetivo era estimular a divergência de ideias, ampliando o repertório estratégico dos participantes. A partir de provocações cuidadosamente elaboradas, surgiram hipóteses ousadas, inovadoras e viáveis, que representaram um verdadeiro salto de pensamento estratégico.
Após a geração de ideias, avançamos para a etapa de priorização, utilizando critérios baseados na aderência aos objetivos estratégicos validados no dia anterior. Cada ideia ou proposta foi avaliada coletivamente quanto ao seu impacto potencial e à sua viabilidade de execução. Esse momento exigiu análise crítica e capacidade de argumentação por parte dos líderes, o que enriqueceu o processo e fortaleceu o comprometimento com as decisões tomadas. As ideias priorizadas foram transformadas em projetos estruturados, com prazos, responsáveis e indicadores de sucesso claramente definidos.
Projetos e iniciativas estruturantes
Por fim, os projetos selecionados foram desdobrados em planos de ação operacionais, com foco na viabilidade, na execução ágil e no impacto estratégico. Trabalhamos em grupos menores, permitindo que os times mergulhassem nos detalhes de cada iniciativa, definindo entregas, etapas e pontos de atenção. Ao final do dia, cada grupo apresentou seu plano ao plenário, o que gerou alinhamento geral e senso de pertencimento. Esse fechamento coletivo serviu como marco simbólico da transição de uma lógica de diagnóstico para uma lógica de execução, encerrando o workshop com clareza de propósito e espírito de equipe elevado.
Para apoiar essa construção, adotamos três pilares metodológicos: Design Thinking, metodologias ágeis e Balanced Scorecard (BSC). O Design Thinking ajudou a colocar o ser humano no centro do processo, tanto colaboradores quanto clientes, e foi fundamental para criar soluções empáticas e viáveis. Já as metodologias ágeis garantiram a flexibilidade e a velocidade necessárias para adaptar planos em tempo real conforme os aprendizados surgiam ao longo do processo.
O uso do Balanced Scorecard trouxe estrutura e coerência ao planejamento. Ele permitiu o alinhamento entre as ações operacionais e a visão estratégica de longo prazo. Além disso, foram criados diversos cenários estratégicos, contemplando possíveis movimentações do mercado. Esses cenários ajudaram a equipe a se preparar para diferentes contextos futuros, aumentando a resiliência e a capacidade de adaptação da nova BU.

Um dos grandes trunfos dessa jornada foi a intensa colaboração entre os times Ceusa e Portinari. A integração não foi apenas funcional, mas também simbólica: reuniões conjuntas, decisões compartilhadas e construção coletiva passaram a fazer parte da nova rotina. Isso gerou sinergias inesperadas e extremamente produtivas, que fortaleceram o compromisso com a nova identidade da unidade de negócios.
Superar resistências foi uma parte essencial do processo. Muitos gestores iniciaram o planejamento com dúvidas e ceticismo, o que é comum em momentos de transformação profunda. No entanto, ao longo do workshop, a participação ativa e os resultados tangíveis foram promovendo uma mudança de postura. A confiança cresceu, e a energia coletiva passou a ser orientada para a construção de soluções e não para o medo do novo.
Governança ágil
A governança também passou por um redesenho, incorporando novos modelos de gestão baseados em autonomia com responsabilidade. A comunicação interna foi reestruturada para refletir esse novo momento, reforçando os valores da cocriação e da inovação. As mudanças também se refletiram nas estruturas físicas das operações, evidenciando um alinhamento entre discurso e prática.
Os resultados começaram a surgir rapidamente. A clareza dos objetivos e a priorização eficaz de projetos permitiram maior agilidade na tomada de decisões e na execução. O clima organizacional melhorou, com equipes mais engajadas e alinhadas. Embora muitos dados sejam estratégicos e confidenciais, pode-se afirmar que houve ganhos significativos em produtividade, eficiência e integração entre os times.
Outro diferencial foi a condução orientada por dados. Desde o início, reforçamos a importância de trabalhar com evidências, tanto para o diagnóstico quanto para a definição de prioridades. Essa abordagem data driven conferiu objetividade às discussões e facilitou a tomada de decisão. Para a DRIN, essa é uma premissa central em qualquer processo de transformação estratégica.
O maior aprendizado dessa experiência foi, sem dúvida, o poder da cocriação.
Quando líderes se sentem parte do processo e têm voz ativa, o engajamento e a qualidade das soluções crescem exponencialmente. O caso da DEXCO comprova que, mesmo em estruturas complexas e tradicionais, é possível inovar na forma de planejar e executar estratégias, desde que exista abertura e preparo para conduzir esse tipo de jornada.
Uma jornada de transformação
A DEXCO conseguiu mais do que integrar marcas; criou uma nova proposta de valor e uma forma renovada de fazer gestão. O planejamento estratégico deixou de ser um documento estático para se tornar um movimento contínuo de aprendizado, adaptação e inovação. Esse é um exemplo claro de como estratégia e cultura podem caminhar juntas para gerar transformação.
A DRIN se orgulha de ter participado dessa construção, contribuindo com metodologias, estrutura e facilitação. Mas o mérito do sucesso está no comprometimento dos líderes da DEXCO, que aceitaram o desafio de cocriar, ouvir e experimentar. Esse espírito colaborativo é o que garante que a estratégia continue viva e relevante ao longo do tempo.
Para empresas que buscam inspiração para seus próprios processos de integração ou reinvenção estratégica, o case Planejamento estratégico DEXCO mostra que é possível enfrentar a complexidade com leveza, foco e colaboração. Quando se une propósito claro, dados confiáveis e envolvimento genuíno das pessoas, o resultado só pode ser positivo.

Igor Drudi
CEO Drin Inovação
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